Textos
Exposição Acessos
A cidade do Rio de Janeiro se desenvolveu em meio a montanhas e morros. Tem escada para todos lados. Correndo, devagar ou parando, há um esforço a cada degrau para se chegar a um lugar. A distância é minimizada a cada passo. Com sol, com chuva, de dia, noite, madrugada, passam histórias de pessoas carregadas de sonhos, desejos e vontades.
As obras Elevação I e II abordam o duplo sentido da escada, podemos subir e/ou descer. Na vida consequentemente ascendemos ou descendemos. No urbano nem sempre apenas a ascensão é símbolo de valorização. As obras dialogam com a inversão do sentido de valorização.
O trabalho é uma dobradura de recortes paralelos, formando degraus. As linhas verticais na lateral formam um código de barras. Para fazer a leitura é necessário baixar no celular qualquer aplicativo de leitor de códigos de barras e direcionar para as linhas. A palavra que aparecerá na obra elevação I é ASCENDER e na elevação II é DESCENDER.
Grasiele Fernasky - 2017
(Artista Plástica)
Uma escada, elemento de ligação entre espaços, nos convida a um subir ou a um descer. Eternamente presente, ela aparece em todos os lugares, em todas as civilizações, em muitos lares.
Ao atravessar o portal da galeria, somos surpreendidos por uma vaga impressão especular e, no entanto, familiar. Juntamente com a escada, que é a obra em si, de um lado trabalhos de arte atuam como objetos autônomos, participam interligados sem perturbar o conjunto.
Que analogias carregam, se os mais diversos materiais se encontram ali presentes? Com pontes de óculos Claudia Malaguti faz da escada a ponte consigo mesma. Os códigos de barra recortados em PVC, de Grasi Fernasky, abordam o duplo sentido da escada. Usando o cimento, Isabela Frade enfoca a escada como categoria arquitetônica básica, símbolo de movimentação. Com placas texturadas Marciah Rommes constrói registros internos a cada degrau de experiência. Em Miro P.S, uploads em cartões perfurados são uma ligação possível da tecnologia com a poesia. A colagem de Nadia Aguilera remete a transitoriedade do percurso.
E por outro lado, complementando gradativamente a exposição, alunos, agora tornados artistas, participam dando novas leituras a esse ir e vir no espaço e no tempo. Mas o final de cada jornada não se situa longe, se situa na mesma cidade, aplainada pela escada.
Lia do Rio - 2017
(Curadora e artista plástica)
Leituras Urbanas
No dia 23 de julho de 2016 a Prefeitura de Guarulhos/SP inicia no Centro Permanente de Exposições de Arte Prof. José Ismael a mostra Leituras Urbanas da artista plástica e arte-educadora carioca Grasi Fernasky.
É no universo iconográfico das cidades, no pulsar das suas paisagens, das suas edificações e nos espaços vazios repletos de histórias cotidianas, que o olhar estético da artista encontra compulsivamente formatos de fitas, tramas de cores, camadas sobrepostas de formas e linhas, códigos urbanos que organizam o espaço vivo das cidades. Códigos dicotômicos que nos permitem conviver, mas nem sempre nos permitem ver.
A cidade que nos envolve, que provoca interações múltiplas, que permite leituras e representações complexas e desafiadoras, que vivenciada nos espaços públicos e privados cria interditos e provoca o olhar. São essas as paisagens que a artista nos revela em suas obras que estão em constante processo de reconstrução, pois se alteram quando em contato com o cotidiano agitado das cidades e com as ações voluntárias e involuntárias dos transeuntes sobre as intervenções urbanas propostas.
Uma artista inquieta e comprometida com projetos que buscam sempre renovar seu repertório, experimentar novas técnicas e discutir a linguagem contemporânea da arte. Como arte-educadora envolve seus alunos em projetos arrojados que estimulam a criatividade e formam um jovem público crítico e apaixonado pelas artes e pela cultura brasileira.
Na busca do meio mais potente para expressar suas discussões conceituais produz obras a partir de diversas técnicas como pintura, gravura, fotografia, vídeos, instalações e intervenções urbanas.
Grasi Fernasky, pedagoga pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994), ingressou no curso de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes da mesma Universidade com conclusão em 2003. Pós-graduada em Ensino da Arte e também em Arterapia em Educação. Possui diversos cursos de extensão na área de artes visuais. Participa desde 2008 de exposições nacionais e internacionais, individuais e coletivas.
Joanice Vigorito
(Drª em História pela UFRJ e Curadora)
Código de Cores
Na pintura de Grasi Fernasky as pinceladas ganham o suporte, o lado, o atrás, o outro lado, voltam não se contam. Libertam-se do quadro, se especializam, tornam-se morada, ganham igrejas, templos, sobem escadas, se torcem, tramam, desfiam, abrangem espaços que seus braços já não alcançam. Agora acrescido de cores e materiais natureza, o trabalho adquire valor próprio, num universo participativo, onde o gesto é sempre gesto o gesto primeiro.
Lia do Rio - 2013
(Curadora e artista plástica)